Aqui bem mais ao sul existe uma raça de homens que são do lombo do cavalo!!!
Uma gente de fibra e de honra...
...onde a educação, o respeito ao que é nosso é o que norteiam nossa vida.
Aqui os mais novos respeitam e aprendem com os mais maduros.
Aqui somos simples sem sermos simplórios...
Aqui um filho tem em seus ideais principamente orgular seus Pais...
Não somos mais nem menos que ninguém, simplesmente SOMOS QUEM SOMOS PELO SIMPLES FATO DE SERMOS ASSIM...
Pra quem não conhece, a eles se dá o nome de GAÚCHOS!!!!!
Não é novidade que o nosso povo tem um afinidade grandíssima com cavalos.
Para o homem sulino o cavalo é o melhor amigo bem junto com os cachorros...
A formação da nossa gente tem laços estreitos com estes animais, o gaúcho não seria o gaúcho sem o cavalo, esta criatura bárbara e linda que aprendemos a amar desde muito cedo em função de nosso cotidiano na maioria das vezes vinculado ao meio rural.
Mesmo aqueles que são citadinos, tem um sentimento xucro dentro de si, carregam por menor que seja um sentimento terrunho que ao verem um pingo acabam se identificando com o que é nosso, com o nosso jeito...
Para elucidar ainda mais esta amizade que transpõe as ERAS, trago este poema do Guilherme que é uma obra de arte da nossa literatura criola:
ROMANCE DO PICAÇO ESTRELA
(Guilherme Collares)
- Que Deus maldiga a memória
do índio Pampa bandido
que matou o meu cavalo!...
... Rumina Sargento Antonio
- cavalaria gaúcha -
engatilhando a garrucha
de uma vida que se esvai...
- Que Deus maldiga a memória
do índio Pampa bandido
que matou o meu picaço!...
... e matou a própria fome
co’a carne do meu pingaço
nos chacos do Paraguai.
Até recordo do dia,
no acampamento em Corrientes
- e já faz quase três anos -
que chegou a cavalhada
do tal de Venâncio Flores
- o caudilho do Uruguai:
Nem encerraro a manada
e eu já tinha cobiçado
aquele picaço estrela...
... Com brilhos de ponteçuela
fulgurando no olhar.
Eu lacei no mangueirão!...
Eu mesmo sentei as garra!...
Ele queria uma farra
e eu agüentei o repuxo!...
Pois todo potro velhaco
dá um cavalo de respeito
pros arreio de um gaúcho!
- E agora?... Sem meu cavalo?!...
O que é que vai ser de mim?
Des’que acampamo por perto
da tropa dos argentino,
co’aqueles índio bandido
- e já vai pra mais de mês -
que eu passo as noite de em claro
co’a soga do meu picaço
na mão – que é pra não dar vez!
- E na noite de anteontem
eu me dormi e, pra sorte,
a soga se me escapou
e a mi’a desgraça se fez!
Campeei e, no outro dia,
já achei o estrago feito:
A buchada... As pata... Os resto
- faltava até a cabeça! -
do meu picaço mentado...
... Que foi sangrado e carneado,
e foi assado e comido
como se fosse uma rês!
- La pucha!... Que banditismo,
malvadeza e judiaria
que um encontra pela frente!
- Comer carne de cavalo,
não mal comparando, é o mesmo
que comer carne de gente!
E quanta andança fizemo!...
E quanta lança trançamo!...
A nossa carga era um dano
na infantaria inimiga!
E o General – há quem diga –
comparando a nossa sorte:
- Que o meu picaço era um forte
e eu – um anjo da morte –
lanceando vida por vida!
Dei queixa pra’o General
do sumiço do cavalo...
Nada podiam fazer!...
E des’que entremo no Chaco
e morreu a cavalhada!...
- Um gaúcho sem cavalo
é mais uma sepultura
plantada longe do pago
que viu a gente nascer!
- E agora?... Sem meu cavalo?!...
O que é que vai ser de mim?
Um tiro corta o espaço...
... Assombrando a noite grande
do acampamento aliado
nos ermos do Paraguai...
E encontram Sargento Antonio
- cavalaria gaúcha -
com a cabeça caída
e um fio de sangue a jorrar...
Nos olhos o mesmo vítreo
cristalino e luminoso
daquele picaço estrela
... Com brilhos de ponteçuela
fulgurando no olhar.
E aí Bruno como que tá! Aqui é o Leonardo, há quanto tempo ein?.. estou acompanhando teu blog amigo velho!!! "Mesmo aqueles que são citadinos, tem um sentimento xucro dentro de si..." baita frase!
ResponderExcluirUm Abraço